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Congresso de professores: essas panelinhas me cansam

  • Foto do escritor: marina.grilli.s
    marina.grilli.s
  • 16 de jul. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 24 de mar.

Eu passei muito tempo afastada do "mundo" do inglês, e depois, do "mundo" do alemão, enquanto era professora dessas línguas. Já contei essa história diversas vezes. Pra resumir... essas panelinhas me cansam.

 

Mas, não! "Panelinha" aqui não se refere aos mesmos professores e gestores de sempre, figuras assíduas em todo evento online e presencial. Se existe um problema nesse meio, com certeza não é a presença fiel dos profissionais dedicados, certo?


O sentimento de pertencer a uma comunidade é das maiores vantagens que podem existir na trajetória de quem trabalha com Educação.

 

A questão que me incomoda nesses universos monolíngues - e que só fui entender com clareza muitos anos depois, durante a minha pesquisa de doutorado em descolonização do ensino de línguas - é a seguinte: a língua nelas costuma ser tratada como um fim em si mesma.


No meio monolíngue, onde se limitam os recursos e possibilidades de expressão de cada falante, a única língua permitida é o próprio objetivo, e não um meio para dizer algo. Um mero objeto de propriedade do falante não-nativo, que nos empresa com ressalvas, para que o utilizemos conforme ele decide.


Só nos resta nos encantarmos com tudo que os stakeholders nativos permitem que façamos com a língua - sempre reproduzir e obedecer, nunca questionar e transcender.


Ah, o inglês... essa língua que parece apagar qualquer outra da mente de quem a ensina
Ah, o inglês... essa língua que parece apagar qualquer outra da mente de quem a ensina

Acontece que a língua é prática social. Está imbuída de incertezas, de heterogeneidades, de políticas.


A língua não se dobra às repressões de quem pretende autorizar ou não seu uso.

 

E é justamente ignorar esses fatos tão primordiais que tem feito o ensino de línguas no Brasil fracassar tão tremendamente.

 


Descobrir isso por meio da pesquisa foi o que eu precisava para sanar grande parte do incômodo. Assim como foi com meu laudo de neurodivergência, dar nome ao problema funcionou como parte da solução.


Porque a gente tem que escolher as nossas batalhas. Nem sempre dá para evitar o meio monolíngue, a panelinha, o nativo que chega no país dos outros mandando e desmandando. O que dá pra gente fazer é agir nas brechas, como diz a querida Ana Paula Duboc.


Nas brechas do livro didático importado que retrata uma realidade completamente distante do seu aluno, há oportunidade para questionamento crítico sobre as condições de vida nas diferentes cidades brasileiras. Para que o aluno saiba expressar quem é em outra língua, e não apague a própria história para caber no que "o nativo" determinou como conhecimento útil.


Nas brechas da dificuldade de entender "o nativo", há oportunidade de trazer para a aula os mais variados sotaques não-hegemônicos e não-nativos. Para que o aluno entenda que cada um fala de um jeito, e que o jeito dele não é menos válido que nenhum outro.


E nas brechas dos eventos monolíngues, estarei falando sobre tudo isso. Quem participar do congresso BRAZ-TESOL para professores de inglês neste ano poderá conferir.


Se você sente a mesma preguiça que eu ao ver a manada que se forma em torno de treinamentos promovidos por instituições estrangeiras, as quais sobrevivem de exportar “o mais novo método milagroso” aos quatro cantos do mundo, vai gostar de assistir à minha apresentação lá no congresso.


Enxergar Além da Língua é uma filosofia de trabalho para a professora brasileira
Enxergar Além da Língua é uma filosofia de trabalho para a professora brasileira

E caso não esteja presente, também existem brechas e oportunidades. Aqui você fica sabendo mais sobre a filosofia de ensino Além da Língua, e aqui, tem acesso às nossas formações - porque não basta pensar diferente, é preciso agir diferente.


Talvez você não saiba se está pronta para sair das tais panelinhas monolíngues, e buscar um jeito de ensinar que não seja pautado nas ordens do tal nativo.


Mas, veja: o seu aluno está pronto.


É isso que ele espera de você.


Se você defende que não é necessário viajar ao exterior para praticar outra língua e desenvolver a fala,


seja você a oportunidade de ir Além daquilo que o seu aluno já conhece.



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