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Educar com autonomia e para a autonomia

  • Foto do escritor: marina.grilli.s
    marina.grilli.s
  • 19 de mar. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 18 de mar.

Neste ano do centenário de Paulo Freire, o cenário educacional brasileiro não é dos melhores.

"Educação" costuma ser associada apenas a crianças
"Educação" costuma ser associada apenas a crianças

Os sucessivos ataques à educação pública, iniciados com os movimentos neoliberais há mais de cinquenta anos, pareciam ter atingido seu ápice com a Emenda Constitucional do teto de gastos, aprovada meses após o golpe presidencial de 2016.


Justamente por isso, se faz necessário que cada vez mais profissionais da educação se familiarizem com a obra de Freire.


Infelizmente restrito, no Brasil, a cursos de graduação em Pedagogia, o pensamento do autor é estudado nas melhores universidades do mundo, e ao fim deste breve texto você já terá entendido por que ele é tão temido pelos bilionários que controlam as grandes holdings do mercado educacional brasileiro, e, consequentemente, pelo povo manipulado pela elite e alienado dos próprios interesses.


Pedagogia da Autonomia é uma apelo para que coloquemos em prática a educação crítica, único meio de formarmos seres humanos críticos e conscientes, capazes de transformar a realidade. (OK, não precisou chegar ao fim do texto, a resposta sobre a demonização de Freire está aqui!).


Freire inicia o livro anunciando que não se pretende assumir como observador imparcial desse realidade, pois a observação sempre parte de um ponto de vista. O erro é absolutizá-lo, isto é, não reconhecer que se trata de um ponto de vista, embasado por um aparato ideológico que sempre representa uma escolha por parte de quem fala.


Curiosidade e rebeldia são "coisa de criança"?
Curiosidade e rebeldia são "coisa de criança"?

Além de um posicionamento político claro, o autor determina como tarefa pertinente ao compromisso de quem ensina o estímulo à curiosidade, e mesmo a uma certa rebeldia. Para ele, ensinar de forma democrática passa por lapidar a capacidade crítica de quem aprende, sua curiosidade e sua insubmissão.




Ou seja: aprender só é possível por meio da reconstrução do saber ensinado.


Neste livro, Paulo Freire também se debruça sobre o fatalismo, ou determinismo, que nos leva a uma posição passiva diante da realidade que vivemos, como que aceitando o discurso "é assim mesmo".


O autor relaciona essa postura ao discurso neoliberal, cujo interesse é não agir para diminuir as desigualdades, e sim, perpetuá-las. Ele observa que o desemprego é tratado como uma fatalidade, mas o prejuízo da classe empresarial que perde dinheiro com especulações no mercado financeiro não recebe o mesmo tratamento: logo surgem exigências de intervenção estatal para contê-lo...


Em relação à formação docente, Freire defende a reflexão crítica sobre a prática, isto é, o método da práxis pedagógica. Ele reforça que o discurso teórico deve ser tão concreto que quase se confunda com a prática.


Por fim, Freire afirma ser falsa a separação entre seriedade docente e afetividade, pois a competência docente não está atrelada à severidade e à frieza no relacionamento com quem está aprendendo – muito pelo contrário!


Pedagogia da Autonomia, lançado no ano de 1996, foi o último livro publicado por Paulo Freire ainda em vida. Se, por um lado, é desolador que ainda não tenhamos superado os problemas da severidade na educação e do neoliberalismo se imiscuindo no ensino público,


por outro lado, é justamente essa conjuntura que nos deve levar a retomar a popularidade do autor.


Paulo Freire é o maior representante brasileiro da educação. Façamos por merecê-lo, também na Educação Linguística! Aqui estão algumas maneiras:


Paulo Freire, o terror dos conservadores
Paulo Freire, o terror dos conservadores
  • construir o conteúdo da aula com base em temas atuais e relevantes, sem fingir que está em outro país

  • inserir oportunidades de debate em absolutamente toda e qualquer aula - mesmo nos níveis mais iniciantes

  • entender "ensino de cultura" como oportunidade de observar e comparar manifestações diversas, de diversos povos - e não decorar curiosidades inúteis sobre EUA e Europa

  • saber quando corrigir pronúncia e gramática, e principalmente, por quê fazê-lo. Pouca gente sabe


É isso que a gente faz aqui na Escola Além da Língua. Pra conhecer melhor as premissas e, quem sabe, se juntar à nossa comunidade, dá uma olhada aqui.


 

Baseado em:


FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz & Terra, 2019 [1996].


Este texto foi escrito em linguagem neutra de gênero. Doeu? ;)

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